Campanhas destacam a importância de todos se envolverem em atividades para evitar a proliferação do Aedes aegypti
Entre janeiro e 24 de agosto deste ano foram registrados no Brasil 1,4 milhão de casos de dengue, seis vezes mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. Pelo menos 14 Estados estão em situação de epidemia, entre eles, São Paulo, que teve, até 11 de novembro, notificados 390.654 casos de dengue, com 256 óbitos. Houve ainda 72 casos de zika e 280 de chikungunya, sem óbitos de ambas as doenças.
Em São Pedro, em 2018 houve apenas um registro de dengue e este ano, até o dia 25 de novembro, foram 156. Os números deixam em alerta as autoridades de saúde, que reforçam a necessidade de todos adotarem medidas para evitar a proliferação do Aedes aegypti , mosquito que provoca dengue, zika e chikungunya.
A dengue é uma doença sazonal, com oscilação de casos e aumento a cada três ou quatro anos, em média. Em 2015, por exemplo, o Estado de São Paulo registrou recorde de infecções, com 709.445 casos e 513 óbitos. Devido a circulação do sorotipo 2 de dengue, neste ano, mesmo os pacientes que já tiveram dengue tipo 1, por exemplo, estão suscetíveis a infecções, o que contribui para o aumento de casos e até mesmo para a ocorrência de quadros clínicos mais graves.
A explosão de casos foi acompanhada pela elevação expressiva de mortes. Somadas, as três doenças provocaram, no país, 650 óbitos (591 por dengue, 57 por chikungunya e dois por zika). É como se 2,7 pessoas morressem por dia em decorrência das infecções, todas evitáveis. A maior parte dos reservatórios do mosquito transmissor está nos domicílios.
Para o Ministério da Saúde, a alta nos casos está relacionada a uma associação de fatores, como o aumento de chuvas neste ano na Região Sudeste, mas, sobretudo, a alterações no tipo de vírus causador da dengue.
A doença pode ser provocada por quatro subtipos de vírus, que vão de 1 a 4. Nos últimos anos, a circulação maior ocorria com os subtipos 1 e 3. Avaliações da pasta indicam, porém, que nesta epidemia a circulação do subtipo 2 cresceu, aumentando o número de pessoas suscetíveis à contaminação.
Mesmo em épocas marcadas pela interrupção do ciclo de proliferação do Aedes, como o inverno, houve avanço dos registros. No Estado de São Paulo, em julho, foram registrados 6.161 novos casos de dengue no Estado, ao menos dez vezes mais do que os 592 de julho do ano passado.
Outra influência é do El Niño, fenômeno climático que resulta em mais chuvas e temperaturas elevadas, favorecendo a proliferação do mosquito. Em 2015, quando o fenômeno se manifestou pela última vez, São Paulo viveu a maior epidemia de dengue, com 709.445 casos e 513 mortes.
CONSCIENTIZAÇÃO – Para alertar sobre os perigos da doença e evitar novos casos, várias campanhas tiveram início. “Enfrentar o Aedes é uma tarefa contínua e coletiva, visando à prevenção contra doenças que podem aumentar no verão, quando as condições climáticas favorecem a proliferação dos mosquitos. Pedimos que todos sejamos multiplicadores de conhecimento e possamos dar exemplo para nossos familiares e amigos”, declarou o secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann.
Recipientes como pneus, potes descartáveis, garrafas e copos plásticos e pratos de planta são geralmente escolhidos pelo Aedes para depositar seus ovos, que são resistentes a locais secos e podem se manter intactos por vários meses, eclodindo quando entram em contato com a água e tornando-se larvas. Como os ovos não são visíveis a olho nu, a melhor forma de se prevenir é descartar corretamente qualquer recipiente desse tipo. “Cerca de 80% dos criadouros estão no interior das residências e, por isso, a contribuição da população é fundamental”, informa o secretário.
O Ministério da Saúde decidiu antecipar a campanha para que todos os envolvidos ajam antes do ciclo da doença se instalar. Com o slogan “E você? Já combateu o mosquito hoje? A mudança começa por você”, a ação preventiva do governo reforça a necessidade de as pessoas evitarem deixar água parada.
Para isso, bastam 10 minutos do dia para verificar, por exemplo, se existe algum tipo de depósito de água no quintal ou dentro de casa. Ou lavar com água e sabão a vasilha de água do animal de estimação e os vasos de plantas.
Dicas de prevenção:
– Caixa d’água: deixe a caixa d’água bem fechada e faça a limpeza regularmente;
– Cuide do seu lixo: material para reciclagem deve ser mantido em saco fechado e em local coberto;
– Plantas: planta com pratinho também é foco do mosquito; use pratos com encaixe ajustado no vaso e o mantenha seco;
– Pneus velhos: descarte pneus usados em postos de coleta da Prefeitura;
– Água parada: descarte ou vire de boca para baixo objetos que acumulam água parada, como potes e garrafas.
Dificilmente se encontra uma pessoa hoje em dia que não tenha recebido orientações de combate à dengue. Palestras em escolas, visitas de agentes comunitários de saúde e campanhas nos meios de comunicação informam sobre os locais que podem virar criadouros e como é importante realizar ações para evitar a proliferação do Aedes aegypti.
Apesar disso, os números da doença continuam crescendo e de forma preocupante. Segundo relatos dos responsáveis pelas orientações, a principal dificuldade é a pessoa perceber sua responsabilidade em relação ao descarte de materiais, limpeza de caixa de água e calhas, plantas, terrenos e outros potenciais focos.
Como destaca o slogan da campanha do Ministério da Saúde, “E você? Já combateu o mosquito hoje? A mudança começa por você”, a responsabilidade é de cada um.
Em São Pedro, o trabalho de combate e orientação é realizado pelos agentes comunitários de saúde, que em todas as visitas às casas verificam se há casos de foco e orientam moradores sobre medidas de prevenção.
Outra atividade de prevenção foi realizada pelos agentes comunitários de saúde em escolas municipais, com palestras voltadas para crianças, importantes multiplicadores de informação.
Quando é confirmado caso de dengue no município, a Vigilância Epidemiológica faz um trabalho de bloqueio na região onde vive a pessoa infectada, sempre com o objetivo de evitar novos casos.
O Catacacareco é outra atividade importante no combate à dengue realizado em São Pedro. Este ano foram recolhidas 64 toneladas de materiais inservíveis que poderiam se transformar em criadouros.
O acúmulo de entulho é outro fator de preocupação e com grande potencial para transformar-se em criadouro. Em São Pedro, materiais como pneus, pequenas quantidades de restos de construção, madeira, plástico, metal, vidro, papel e papelão, móveis e eletrodomésticos podem ser descartados, sem custo, no Ecoponto, localizado ao lado da Garagem Municipal. Cada pessoa pode descartar no local até 1 metro cúbico de material.
No Ecoponto não podem ser descartados grandes quantidades de entulho de construção (mais de 1m³), lixo doméstico, lixo hospitalar ou de serviços de saúde (dentistas, clínicas veterinárias, clínicas estéticas etc.) e lixo industrial.